Íntegra do Discurso proferido na Abertura do I Congresso de Gestão Jurídica – OAB/DF

Presidente da Comissão de Gestão de Escritórios de Advocacia, Dra. Érika Siqueira foi a responsável pelo discurso de abertura do I Congresso de Gestão Jurídica realizado no dia 21 de setembro de 2018 na Sede da OAB/DF.
Para aqueles que não conseguiram comparecer ao Congresso, segue na íntegra o discurso proferido pela Presidente:

“Discurso da Presidenta Erika Siqueira

Em primeiro lugar, gostaria de parabenizar a Instituição Ordem dos Advogados do Brasil, na pessoa do Presidente Dr. Juliano Costa Couto, e do Secretário-Geral Dr. Jacques Veloso de Melo, que apoiaram e incentivaram a criação da 1ª. Comissão de Gestão de Escritórios de Advocacia da OAB/DF e, em consequente, o desdobramento de uma das suas ações, o 1 Congresso de Gestão Jurídica da OABDF.

Cumprimento a Diretoria da Comissão de Gestão de Escritório de Advocacia da OABDF, Dras. Cintia Tirapelle, Cilmara Amorin e Carla Tupan e todos os 37 membros, que tanto contribuíram para a realização deste evento.

A mesa aqui presente, na pessoa do Presidente da CAA Brasília, Dr. Ricardo Peres, Dr. Rodrigo Becker, Presidente da ESAOABDF, Dr. Amaury Andrade, Presidente da Subseção do Gama e Santa Maria e da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB, Dr. Kendrik Balthazar, Secretário Geral da Subseção do Paranoá, Dr. Tiago Santana de Lacerda, Presidente da Comissão de Apoio ao Advogado iniciante da OABDF, Dr Camilo Noleto, Presidente do Conselho Jovem, Dra. Marcela Prado, Vice Presidente do Conselho Jovem da OABDF, Presidente da Jovem Advocacia da ABA, toda área administrativa da OABDF e de suporte técnico, representado nas pessoas de Veneranda, representante das comissões, e área de evento e marketing, na pessoas de Janessa, Leyane, Renato e Carla.

Agradeço também e principalmente a todos os patrocinadores e os apoiadores do evento, sem os quais nosso evento não seria possível, e a todos/as vocês presentes, que elegeram passar este dia inteiro conosco, e não em outro evento! Parabéns pela escolha de estarem aqui e, sinceramente, muito obrigada a todos!

Em um país com número de advogados que já chega a 1 milhão 107 mil e 21 advogados milhão somente no DF, em que o registro de novos advogados chega a 38 mil 519 advogados a concorrência no mercado de trabalho é acirrada. Uma das causas desses números é a enorme quantidade de faculdades de direito instaladas em todo país. Somadas às mudanças do cenário político, econômico e social, o papel do advogado se faz cada vez mais presente, como peça fundamental para a sociedade, seja para contribuir com a defesa dos conflitos entre atores sociais, seja para defender o interesse do ser humano, como indivíduo com direito à liberdade, ao patrimônio, ao trabalho, à família.

Para exercer o trabalho técnico e operacional desta brilhante classe, que é a advocacia, surge a necessidade do trabalho meio, tão importante e relevante quanto o trabalho fim: atender o cliente com excelência, com ética e com respeito. Apenas alcançamos qualidade na advocacia quando percorremos passos e processos que garantirão o ótimo resultado final. Como o advogado defende os interesses dos seus clientes, gere sua equipe e gera resultados para sua prática se eventualmente ignora a excelência da Gestão Jurídica?

Gestão Jurídica, no entanto, que sequer compõe a grade obrigatória ou mesmo opcional nas faculdades de direito do país. Gestão que aprendemos empiricamente, intuitivamente. Terminamos por desenvolver nossas próprias técnicas e por nos capacitarmos a nós mesmos, na prática. Quantas vezes aprendemos na marra? Utilizo o termo marra, pois os/as doutores/as e os/as gestoresas aqui presentes, principalmente aqueles/as com mais tempo de experiência, provavelmente já passaram pela triste SURPRESA, em algum momento de sua carreira, de se deparem com possível PERDA DE PRAZO, fosse por falta de controle adequado seja de pessoas, de processos, de informação, ou por falta de formação, de metodologia ou de ferramentas adequadas à gestão na área da advocacia. Quantos/as de vocês já foram surpreendidos/as pela falta de pagamento de custas ou de preparo recursal em tempo hábil e tiveram que investir o precioso tempo da sustentação oral para reverter a admissibilidade do recurso, enquanto poderiam estar investindo tempo no mérito da ação do seu cliente?

Quantas vezes você, advogado/a, não fechou um contrato – sabe aquele contrato que poderia garantir anos de orçamento na sua advocacia –, por total despreparo técnico ou emocional; por falta de dados prévios na negociação, ou ainda por delegação indevida? Quantas vezes você correu risco de perder um cliente por não conseguir oferecer um feedback a tempo, ou por não entregar o melhor relatório ou ainda por não lhe dar a atenção devida no tempo da expectativa do cliente, e não no seu tempo ou no tempo de sua equipe? Quantas vezes as contas do final do mês não fecharam por falta de organização e de planejamento?

Quantas vezes pode ter faltado a chamada estratégia para fidelizar os seus clientes? E aquelas que poderiam ter definido melhor a forma mais inteligente e precisa para estabelecer e gerir os contratos? Quantas vezes ainda você pode ter deixado de adotar estratégias eficientes de marketing de carreira ou da advocacia para consolidação da sua marca? Quantas oportunidades de expansão ou de consolidação de sua advocacia você pode estar desperdiçando por falta de visões de futuro, em longo prazo, que justificariam sua permanência no mercado? Quanto tempo, até hoje, você pode ter deixado de investir em ações definitivamente estratégicas para investir apenas naquelas de mera execução das rotinas? Quantas decisões importantes você pode ter deixado de tomar por falta de dados precisos e corretos?

E os talentos? Você pode ter deixado de aproveitá-los por não ter dado a atenção devida no momento da contratação. Quantos possíveis talentos você deixou de aproveitar e perdeu para o concorrente por falta de liderança adequada ou de gestão de competências para aquele cargo? E as vezes em que você contratou e não ofereceu capacitação adequada ou quando as tarefas foram simplesmente delegadas, sem acompanhamento?

Lembrem-se que hoje, com um mercado tão exigente e competitivo; com as gerações x , y e z atuando e interagindo com as gerações anteriores; com todas as mudanças e inovações que a globalização vem trazendo; com o movimento crescente das redes sociais e com os desdobramentos inerentes à forma de comunicação e a consequente mudança na forma de marketing do serviço jurídico; com a implementação da inteligência artificial por diversos softwares de controle jurídico e estratégico, que atenderão as advocacias futuramente e já começaram nos tribunais superiores, como é o caso do STF (Supremo Tribunal Federal) nós, advogados/as e toda a classe jurídica, inclusive, aquelas que defendem os interesses da classe, como o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, precisamos entender, definitivamente, que todas as mudanças chegaram. Por isso, são imprescindíveis um novo olhar e uma atuação imediata sobre os modelos de gerir a advocacia.

A excelente notícia é que, mesmo tendo ocorrido algumas das surpresas citadas, sempre é tempo de rever toda e qualquer estratégia. Sempre é tempo de olhar para um novo horizonte e enxergar o quanto é possível reparar, construir e, se for o caso, reconstruir qualquer história na nossa carreira. Sempre é tempo de olhar para a necessidade de nova realidade para a nossa advocacia, nossa carreira e nossa gestão. Necessidade essa que nos fará ir em direção aos nossos objetivos; nos fará descansar, após um dia de trabalho, felizes e satisfeitos/as, sabendo que usamos as estratégias adequadas e fizemos o nosso melhor, e não mais angustiados/as por não termos tido visão suficiente para gerir melhor nossa carreira, nosso tempo, nossa equipe, nossos contratos com nossos clientes.

Hoje, vocês podem decidir quais ações deverão implementar na direção da realização de seus sonhos, de suas metas e de seus desejos como advogado/a. Vocês terão a oportunidade de relembrar, durante todo o dia do congresso, os sonhos de estudante que vocês tinham e os principais motivos que fizeram vocês se tornarem advogados/as, e não médicos/as, empresários/as, arquitetos/as, pintores/as, educadores/as; lembrar que a gestão correta pode ser o primeiro passo a ser dado por vocês hoje.

Aproveitem o dia para aprender com cada um/a dos/as queridos/as palestrantes, que tanto estudaram para lhes apresentar o que de melhor existe da prática e da própria expertise profissional e que estão aqui hoje deixando seus compromissos profissionais e familiares para dividirem um pouco do que sabem com vocês. Absorvam o máximo e decidam agir e executar, na advocacia, de modo a garantir o sucesso e a felicidade na sua carreira!!! QUE ESTE congresso desperte, em vocês, o que precisa ser feito de hoje e diante.

Obrigada, mais uma vez, por estarem aqui conosco investindo em vocês!!!”